Desde a nossa saída de Cuba eu via Açores muito longe, ainda tínhamos que fazer a travessia no Oceano Atlântico, muita água a rolar, eu procurava não pensar muito no futuro, tentava aproveitar cada dia e me fazia sentir que chegar em Açores era um sonho, e agora estávamos na reta final, a um passo de acordar para este sonho que um dia foi distante. O tempo passa rápido para os que vivem intensamente, eu lembro que ainda em Florianópolis eu imaginava...”vamos atravessar o oceano”, para mim era um desafio, eu sabia claramente dos riscos, mas estava disposta a viver esta aventura. Eu já tinha sobrevivido aos 38 dias a bordo quando fizera a travessia do oceano Pacífico, agora seria mais fácil, mesmo assim, o friozinho na barriga batia quando eu via no mapa Mundi que em algum momento estaríamos no meio do nada, num lugar muito distante, e quando eu estive lá me senti um grão de areia no deserto de Saara, e esta experiência faz você ser eternamente grato por simplesmente estar vivo. Todo mundo se pergunta...”porque atravessar o oceano e passar 12 dias dentro de um barco?”... Eu acho que o mundo é tão grande pra ficar parado no mesmo lugar sempre, o que são 12 dias (tempo que passamos entre Bermuda a Acores) de 365 dias do ano? Realmente não é nada, mas suficiente para viver uma experiência que muda a nossa maneira de pensar e valorizar a vida.
Chegar em Horta-Açores foi uma sensação incrível, de conquista e de muita alegria. Quando pisamos em terra fomos direto a um café tomar nosso breakfast , matei minha saudade de comer um misto quente de verdade e comecei a sentir meu corpo cambalear. Caminhamos nas ruas exercitando as pernas e admirando a cidade com suas casinhas açorianas.
Fiquei encantada...andava pra lá e pra cá...curtindo as vielas que davam sempre em outra viela com mais e mais casinhas açorianas.
Eu Mané e Cameron fomos comemorar nossa travessia no Bar do Peter, famoso entre os cruzeiristas, tomando vinho da Ilha do Pico, queijo da Ilha de São Jorge e bolinhos de bacalhau...foi tão bom que resolvemos ir comemorar todos os dias, durante os 5 dias que ficamos em Horta.
Depois de pintarmos nossa marca, da Duplaventura no chão da Marina da Horta, eu e Mané estávamos prontos pra pegar “férias”, saímos do barco e fomos curtir nós dois em Açores, o Cameron ficou no veleiro com os proprietários que haviam chego de avião, e combinamos de nos reencontrar novamente depois de 15 dias na Ilha de São Miguel.
Resolvemos eu e Mané pegar um ferry e ir passar uns dias na Fajã de Santo Cristo na Ilha de São Jorge, a ilha mais rural entre as nove ilhas que compõe o arquipélago. Desde que estávamos na Flórida, ou melhor, desde que nos conhecemos, a vontade do Mané era me levar na Fajã de Santo Cristo, um lugar que ele já estivera em 1998 e dizia ser o lugar mais encantador do planeta...era o sonho dele de retornar lá e de me levar junto, eu só podia me sentir grata e feliz da vida de poder ajudar ele a realizar este sonho!! Não tinha problema...eu me levava pra ele!!!
Saímos de Horta carregados com nossas mochilas, barraca, fogareiro, chuveiro, sacos de dormir, comida, talheres, panelas, lanterna, prancha de surf...uma completa estrutura de camping que compramos na Flórida na loja “Outdoorworld”, uma loja incrível que existe tudo o que se possa imaginar para camping, caça, pesca e esportes radicais, tudo a um preço que não dava pra resistir.
Saímos cedo de Horta e pegamos um ferry que levou uma hora pra chegarmos em São Jorge, eu tava feliz da vida, estava indo acampar de verdade com o amor da minha vida, num lugar que ele dizia ser o seu paraíso!
Da última vez que o Mané esteve na Fajã ele fez a trilha tradicional, a que sai dos Cubres, mas 12 anos se passaram e agora tinha uma nova trilha, pouco tradicional que só descia e que era mais alta. Eu gostei da idéia de só descer, tava parecendo uma tartaruga com a mochila nas costas, não sei se agüentaria a caminhada, descer era mais fácil que subir.
Pegamos um táxi que nos deixou na entrada da trilha do Topo, entre as nuvens, estávamos a 950 metros de altura, tinha uma neblina que não se via cinco metros na frente, encaixamos as mochilas nas costas e começamos lentamente a caminhar, abrimos uma porteira e entramos em outro mundo...o silencio das montanhas retratava ainda mais o canto dos pássaros e o vento que soprava, sabíamos que estávamos bem alto, mais a neblina ainda não deixava agente ver lá embaixo, então íamos seguindo a trilha que era bem aberta e marcada, tentando imaginar o que encontraríamos pela frente. De repente estávamos no meio das montanhas, não batia mais vento, a neblina começou a se dissipar então tivemos a consciência de onde estávamos, me senti da mesma forma que me sentira a uns dias atrás no meio do mar, no meio do nada, agora era no meio de imensos paredões verdes que pareciam nos apreciar...” dois pontinhos insignificantes que ousam me desafiar”, a montanha pensou.
Caminhávamos tranqüilos e devagar apreciando a grandiosidade da natureza, começamos a entrar em áreas de pastagens com vaquinhas e terneiros, de repente um mirador de onde se via o mar, uma ponte, ruínas de casas onde já moraram pessoas, e uma cachoeira...lindo, lindo, lindo...quanto mais descíamos mais coisas íamos encontrando, surpresas por todo o caminho...eu ainda caminhava com energia, ansiosa pra chegar na Fajã, o tal lugar paradisíaco que tanto o Mané me falava.
Último mirador: a Fajã de Santo Cristo! Lá de cima se via uma vila rural de frente para o mar, magnífico. Depois de uma hora e meia caminhando, finalmente chegamos, era outro mundo, um mundo que parecia ter parado no tempo, as casas feitas de pedras e as ruas eram trilhas, parecia Machu Pichu no mar. A montanha subia vertical com diversos tons de verde, tudo parecia mágico. Realmente era maravilhoso!
Procuramos um lugar para acampar, o espaço que o Mané tinha acampado em 1998 não existia mais, muita coisa tinha mudado, mas para mim, aquilo era o original. Fomos então ao lado da Igreja, que era o lugar que dizia na internet que se podia acampar e começamos a montar nossa nova barraca. Estávamos felizes da vida, nossa casa era linda e confortável, fizemos um chá de hortelã colhido no nosso terreno e fomos passear pela vila, caminhamos em volta da caldeira (uma lagoa de água salgada onde de criam as ameijôas).
Voltamos para casa e ventava forte, resolvemos fazer um reforço com uns canos metálicos e pedras na barraca para que ela agüentasse o vento, ainda não era noite e fomos dormir. Acordamos eram uma da manhã com um barulho ensurdecedor do vento que descia com toda força pela montanha e que parecia querer nos arrancar dali, ficamos assustados e resolvemos ver o que acontecia lá fora, uma ventania vinda de todos os lados, colocamos mais um cano metálico agora dentro da barraca para segurar ainda mais, e tudo o que encontrávamos em nossa volta, era utilizado para tentar fazer o máximo de peso na barraca, pois ela chegava a dobrar até o chão de tanto vento que tinha, entramos de volta e tentamos dormir. Vinte minutos de sono e o vento aumentava, agora o barulho era ainda pior, parecia uma grande onda vindo do mar e eu tinha a sensação que ela nos arrastaria, talvez um tsunami? Ou um furacão? Não tínhamos pego nada parecido com isto no mar, estávamos realmente ficando preocupados, fomos de volta lá fora ver como tudo estava, e eu já não agüentava meu corpo no vento, tinha que me agachar para que o vento não me arrastasse, resolvemos pegar mais cordas e tentávamos amarrar a barraca em tudo o que podíamos ver. De volta para dentro e de olhos arregalados pensamos o que poderíamos fazer, nada...tínhamos que esperar a tempestade acabar, tentamos dormir mais um pouco, mais o teto da barraca chegava e encostar nos nossos rostos e eu empurrava ela de volta com meus pés. Resolvemos pegar fio dental e eu tinha comigo agulha de costura, fomos novamente para fora e costuramos ela de um jeito para segurar ainda mais o chapéu da barraca porque se chovesse estaríamos literalmente ferrados. Amanheceu, fiz um café com leite condensado para aquecer e saímos em busca de outro lugar mais protegido do vento para mudarmos a barraca, não tinha. Todo lugar tinha vento e era propriedade privada, cheguei até pensar em entrar pela janela de uma casa, não víamos ninguém na rua para pedirmos ajuda e o vento ainda forte, parecia que trazia chuva. Não deu tempo de chegarmos na barraca antes da chuva, eu olhava para o mar e via mini redemoinhos de vento, assustador. Chegamos de volta e a barraca estava destruída, a lata de leite condensado tinha virado e sujou tudo por dentro, e nós molhados tiramos os canos metálicos e as pedras e começamos a arrastar tudo para a lateral da Igreja foi quando vimos um banheiro que pertencia a Igreja, banheiros limpos, bem amplos e com duchas, não pensamos duas vezes levamos tudo para o banheiro masculino, lavamos tudo nas duchas e penduramos para secar, e tudo que não tinha molhado, por sorte nossos sacos de dormir, levamos para o banheiro feminino, e ali mesmo fizemos uma macarronada pegamos nossos sacos de dormir e capotamos. Foi quando apareceu no banheiro uma senhora que literalmente nos salvou, falou que tinha um quarto na casa e que nós poderíamos ficar lá. Não tinhamos outra opção.
Hoje podemos falar que se não fosse a tal tempestade não teríamos conhecido a Senhora Gilda e o Seu Baltazar, que nos adotaram e nos cederam o quarto que era no piso inferior da casa deles.
Foram dois dias de tempestade dentro da nossa nova casinha, que era muito aconchegante e quentinha, e no terceiro dia abriu o solzão!!! Céu azul, tudo verde e brilhando, andávamos pela vila, parecia que começava uma vida nova naquele lugar, o Seu Baltazar disse que era fim de um inverno rigoroso. Encontramos mais pessoas pelas ruas curtindo o sol, entre eles a Catarina e o Francisco, que estavam numa pousada trancados durante a tempestade. Foram tres dias de paciencia, teria sido mais facil ter ido embora, mais decidimos esperar a tempestade acabar e no final de tudo fomos presenteados com o sol e com os amigos que fizemos, mesmo passando pelas dificuldades foi um aprendizado, e fiquei surpresa comigo mesmo quando percebi que eu tinha mantido o controle total da situacao, sem ter entrado em desespero.
Chegar em Horta-Açores foi uma sensação incrível, de conquista e de muita alegria. Quando pisamos em terra fomos direto a um café tomar nosso breakfast , matei minha saudade de comer um misto quente de verdade e comecei a sentir meu corpo cambalear. Caminhamos nas ruas exercitando as pernas e admirando a cidade com suas casinhas açorianas.
Fiquei encantada...andava pra lá e pra cá...curtindo as vielas que davam sempre em outra viela com mais e mais casinhas açorianas.
Eu Mané e Cameron fomos comemorar nossa travessia no Bar do Peter, famoso entre os cruzeiristas, tomando vinho da Ilha do Pico, queijo da Ilha de São Jorge e bolinhos de bacalhau...foi tão bom que resolvemos ir comemorar todos os dias, durante os 5 dias que ficamos em Horta.
Depois de pintarmos nossa marca, da Duplaventura no chão da Marina da Horta, eu e Mané estávamos prontos pra pegar “férias”, saímos do barco e fomos curtir nós dois em Açores, o Cameron ficou no veleiro com os proprietários que haviam chego de avião, e combinamos de nos reencontrar novamente depois de 15 dias na Ilha de São Miguel.
Resolvemos eu e Mané pegar um ferry e ir passar uns dias na Fajã de Santo Cristo na Ilha de São Jorge, a ilha mais rural entre as nove ilhas que compõe o arquipélago. Desde que estávamos na Flórida, ou melhor, desde que nos conhecemos, a vontade do Mané era me levar na Fajã de Santo Cristo, um lugar que ele já estivera em 1998 e dizia ser o lugar mais encantador do planeta...era o sonho dele de retornar lá e de me levar junto, eu só podia me sentir grata e feliz da vida de poder ajudar ele a realizar este sonho!! Não tinha problema...eu me levava pra ele!!!
Saímos de Horta carregados com nossas mochilas, barraca, fogareiro, chuveiro, sacos de dormir, comida, talheres, panelas, lanterna, prancha de surf...uma completa estrutura de camping que compramos na Flórida na loja “Outdoorworld”, uma loja incrível que existe tudo o que se possa imaginar para camping, caça, pesca e esportes radicais, tudo a um preço que não dava pra resistir.
Saímos cedo de Horta e pegamos um ferry que levou uma hora pra chegarmos em São Jorge, eu tava feliz da vida, estava indo acampar de verdade com o amor da minha vida, num lugar que ele dizia ser o seu paraíso!
Da última vez que o Mané esteve na Fajã ele fez a trilha tradicional, a que sai dos Cubres, mas 12 anos se passaram e agora tinha uma nova trilha, pouco tradicional que só descia e que era mais alta. Eu gostei da idéia de só descer, tava parecendo uma tartaruga com a mochila nas costas, não sei se agüentaria a caminhada, descer era mais fácil que subir.
Pegamos um táxi que nos deixou na entrada da trilha do Topo, entre as nuvens, estávamos a 950 metros de altura, tinha uma neblina que não se via cinco metros na frente, encaixamos as mochilas nas costas e começamos lentamente a caminhar, abrimos uma porteira e entramos em outro mundo...o silencio das montanhas retratava ainda mais o canto dos pássaros e o vento que soprava, sabíamos que estávamos bem alto, mais a neblina ainda não deixava agente ver lá embaixo, então íamos seguindo a trilha que era bem aberta e marcada, tentando imaginar o que encontraríamos pela frente. De repente estávamos no meio das montanhas, não batia mais vento, a neblina começou a se dissipar então tivemos a consciência de onde estávamos, me senti da mesma forma que me sentira a uns dias atrás no meio do mar, no meio do nada, agora era no meio de imensos paredões verdes que pareciam nos apreciar...” dois pontinhos insignificantes que ousam me desafiar”, a montanha pensou.
Caminhávamos tranqüilos e devagar apreciando a grandiosidade da natureza, começamos a entrar em áreas de pastagens com vaquinhas e terneiros, de repente um mirador de onde se via o mar, uma ponte, ruínas de casas onde já moraram pessoas, e uma cachoeira...lindo, lindo, lindo...quanto mais descíamos mais coisas íamos encontrando, surpresas por todo o caminho...eu ainda caminhava com energia, ansiosa pra chegar na Fajã, o tal lugar paradisíaco que tanto o Mané me falava.
Último mirador: a Fajã de Santo Cristo! Lá de cima se via uma vila rural de frente para o mar, magnífico. Depois de uma hora e meia caminhando, finalmente chegamos, era outro mundo, um mundo que parecia ter parado no tempo, as casas feitas de pedras e as ruas eram trilhas, parecia Machu Pichu no mar. A montanha subia vertical com diversos tons de verde, tudo parecia mágico. Realmente era maravilhoso!
Procuramos um lugar para acampar, o espaço que o Mané tinha acampado em 1998 não existia mais, muita coisa tinha mudado, mas para mim, aquilo era o original. Fomos então ao lado da Igreja, que era o lugar que dizia na internet que se podia acampar e começamos a montar nossa nova barraca. Estávamos felizes da vida, nossa casa era linda e confortável, fizemos um chá de hortelã colhido no nosso terreno e fomos passear pela vila, caminhamos em volta da caldeira (uma lagoa de água salgada onde de criam as ameijôas).
Voltamos para casa e ventava forte, resolvemos fazer um reforço com uns canos metálicos e pedras na barraca para que ela agüentasse o vento, ainda não era noite e fomos dormir. Acordamos eram uma da manhã com um barulho ensurdecedor do vento que descia com toda força pela montanha e que parecia querer nos arrancar dali, ficamos assustados e resolvemos ver o que acontecia lá fora, uma ventania vinda de todos os lados, colocamos mais um cano metálico agora dentro da barraca para segurar ainda mais, e tudo o que encontrávamos em nossa volta, era utilizado para tentar fazer o máximo de peso na barraca, pois ela chegava a dobrar até o chão de tanto vento que tinha, entramos de volta e tentamos dormir. Vinte minutos de sono e o vento aumentava, agora o barulho era ainda pior, parecia uma grande onda vindo do mar e eu tinha a sensação que ela nos arrastaria, talvez um tsunami? Ou um furacão? Não tínhamos pego nada parecido com isto no mar, estávamos realmente ficando preocupados, fomos de volta lá fora ver como tudo estava, e eu já não agüentava meu corpo no vento, tinha que me agachar para que o vento não me arrastasse, resolvemos pegar mais cordas e tentávamos amarrar a barraca em tudo o que podíamos ver. De volta para dentro e de olhos arregalados pensamos o que poderíamos fazer, nada...tínhamos que esperar a tempestade acabar, tentamos dormir mais um pouco, mais o teto da barraca chegava e encostar nos nossos rostos e eu empurrava ela de volta com meus pés. Resolvemos pegar fio dental e eu tinha comigo agulha de costura, fomos novamente para fora e costuramos ela de um jeito para segurar ainda mais o chapéu da barraca porque se chovesse estaríamos literalmente ferrados. Amanheceu, fiz um café com leite condensado para aquecer e saímos em busca de outro lugar mais protegido do vento para mudarmos a barraca, não tinha. Todo lugar tinha vento e era propriedade privada, cheguei até pensar em entrar pela janela de uma casa, não víamos ninguém na rua para pedirmos ajuda e o vento ainda forte, parecia que trazia chuva. Não deu tempo de chegarmos na barraca antes da chuva, eu olhava para o mar e via mini redemoinhos de vento, assustador. Chegamos de volta e a barraca estava destruída, a lata de leite condensado tinha virado e sujou tudo por dentro, e nós molhados tiramos os canos metálicos e as pedras e começamos a arrastar tudo para a lateral da Igreja foi quando vimos um banheiro que pertencia a Igreja, banheiros limpos, bem amplos e com duchas, não pensamos duas vezes levamos tudo para o banheiro masculino, lavamos tudo nas duchas e penduramos para secar, e tudo que não tinha molhado, por sorte nossos sacos de dormir, levamos para o banheiro feminino, e ali mesmo fizemos uma macarronada pegamos nossos sacos de dormir e capotamos. Foi quando apareceu no banheiro uma senhora que literalmente nos salvou, falou que tinha um quarto na casa e que nós poderíamos ficar lá. Não tinhamos outra opção.
Hoje podemos falar que se não fosse a tal tempestade não teríamos conhecido a Senhora Gilda e o Seu Baltazar, que nos adotaram e nos cederam o quarto que era no piso inferior da casa deles.
Foram dois dias de tempestade dentro da nossa nova casinha, que era muito aconchegante e quentinha, e no terceiro dia abriu o solzão!!! Céu azul, tudo verde e brilhando, andávamos pela vila, parecia que começava uma vida nova naquele lugar, o Seu Baltazar disse que era fim de um inverno rigoroso. Encontramos mais pessoas pelas ruas curtindo o sol, entre eles a Catarina e o Francisco, que estavam numa pousada trancados durante a tempestade. Foram tres dias de paciencia, teria sido mais facil ter ido embora, mais decidimos esperar a tempestade acabar e no final de tudo fomos presenteados com o sol e com os amigos que fizemos, mesmo passando pelas dificuldades foi um aprendizado, e fiquei surpresa comigo mesmo quando percebi que eu tinha mantido o controle total da situacao, sem ter entrado em desespero.
Um dia passava após o outro, e íamos curtindo tudo o que a Fajã podia nos proporcionar, caminhamos para a Fajã dos Cubres, uma trilha linda de uma hora sempre contornando a costa do mar, o Mané surfou e eu tomei banho de Lagoa. Teve um dia que decidimos dar uma volta na Ilha, tínhamos que achar telefone público ou internet, então fizemos a trilha para os Cubres e conhecemos um fotógrafo, o Bruno que naquele momento estava a trabalho tirando fotos da ilha para alguma revista, com sua amiga Raquel que mora na ilha e conhece todos os paraísos daquele lugar. Pedimos a eles uma carona até a vila mais próxima, onde podíamos usar telefone, e acabaram nos convidando para acompanhar eles na expedição fotográfica...nem acreditamos, tínhamos guia turística, fotografo e carro, foi magnífico, almoçamos nós quatro uma comida típica num restaurante bem aconchegante, visitamos cachoeira, vilas, praias...e também a Fajã de São João. Na volta pedimos para eles nos deixarem na entrada da trilha do Topo, a primeira que fizemos quando chegamos, já era tarde e descemos trilha abaixo em uma hora, tentando chegar antes de escurecer, estávamos maravilhados de poder estar ali outra vez, repetindo a trilha mais linda de todas que já fiz.
Chegamos em casa e a Gilda já nos esperava com uma janta maravilhosa, para mim, só a sopa de entrada já estava bom demais, mas acho que ela queria me fazer engordar, teve um dia que ela fez um almoço de frutos do mar...polvo, lapas e ameijôas...tudo de mais típico do local!!
Um outro dia decidimos ir com nossos amigos para Santo Antão, ia ter uma tourada açoriana, alugamos um carro nós quatro e podemos ir a outras vilas da ilha, todas também rurais e charmosas, assistimos a tourada e o Mané inventou de participar, fiquei tensa sentada no muro com medo dos quatro touros que eram bravos por natureza e eram soltos para correr atrás do povo. Um evento tradicional, todos da comunidade iam assistir... crianças, idosos, jovens, não importava a idade, era um evento social que ninguém podia faltar, mas só alguns participavam da brincadeira realmente, enquanto toda a comunidade ficava protegida em algum lugar mais alto onde o touro supostamente não iria. Eu e Catarina ficamos num muro, ele passava embaixo de nossos pés, eu tremia de ver ele, o Mané e o Francisco levaram um corridão, era impossível não rir...Não havia maltrato contra o touro, já está no sangue ele ser assim tão brabo, diferente do que acontece em Florianópolis, onde as pessoas maltratam o touro tentando deixar ele nervoso, coisa que sou totalmente contra.
Voltamos a Fajã de Santo Cristo, mais uma janta da Dona Gilda nos esperava...e assim passamos 12 dias maravilhosos, em meio a natureza e com pessoas mais maravilhosas ainda, que nos ensinaram muito sobre a vida naquele lugar.
Chegamos em casa e a Gilda já nos esperava com uma janta maravilhosa, para mim, só a sopa de entrada já estava bom demais, mas acho que ela queria me fazer engordar, teve um dia que ela fez um almoço de frutos do mar...polvo, lapas e ameijôas...tudo de mais típico do local!!
Um outro dia decidimos ir com nossos amigos para Santo Antão, ia ter uma tourada açoriana, alugamos um carro nós quatro e podemos ir a outras vilas da ilha, todas também rurais e charmosas, assistimos a tourada e o Mané inventou de participar, fiquei tensa sentada no muro com medo dos quatro touros que eram bravos por natureza e eram soltos para correr atrás do povo. Um evento tradicional, todos da comunidade iam assistir... crianças, idosos, jovens, não importava a idade, era um evento social que ninguém podia faltar, mas só alguns participavam da brincadeira realmente, enquanto toda a comunidade ficava protegida em algum lugar mais alto onde o touro supostamente não iria. Eu e Catarina ficamos num muro, ele passava embaixo de nossos pés, eu tremia de ver ele, o Mané e o Francisco levaram um corridão, era impossível não rir...Não havia maltrato contra o touro, já está no sangue ele ser assim tão brabo, diferente do que acontece em Florianópolis, onde as pessoas maltratam o touro tentando deixar ele nervoso, coisa que sou totalmente contra.
Voltamos a Fajã de Santo Cristo, mais uma janta da Dona Gilda nos esperava...e assim passamos 12 dias maravilhosos, em meio a natureza e com pessoas mais maravilhosas ainda, que nos ensinaram muito sobre a vida naquele lugar.
Um dia antes de nossa partida, o seu Baltazar nos levou para conhecer o paraiso, como assim? Para mim nos ja estavamos no paraiso, mas ele dizia que ainda existia um lugar mais bonito que aquele, pegou sua mota e comecou a subir a montanha atraves de uma trilha, a mesma que tinhamos feito, mas agora caminho ao contrario. Chegamos no topo, era a sua outra casa e de la se podia ter uma visao geral de toda a Faja, realmente era o paraiso!
Fizemos nossas malas e o Seu Baltazar nos levou de mota para a Fajã dos Cubres para pegar o taxi até o aeroporto, foi uma emocionante despedida com promessas de retornar em breve...chegou o dia de nos encontrarmos com o capitão, em São Miguel.
Eu estava estasiada, sem duvidas uma das experiencias mais marcantes de toda a minha vida, e eu e Mane mais felizes do que nunca!