quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Nas alturas...












Foram apenas cinco dias no Equador, em Salinas, uma cidade pacata naquela época do ano, com uma paisagem desértica, muito diferente das paisagens verdes que estávamos acostumados a ver, este tempo foi o suficiente para decidirmos seguir em frente, agora por terra. Peru era o próximo país, começamos a pesquisar na internet para onde iríamos, começar por onde?
Podíamos começar pelo litoral norte do Peru, surfar Mâncora e Lobitos, tínhamos a possibilidade de pegar carona com um veleiro que estava precisando de tripulação e estaria indo pra lá, mas nossa saudade da terra nos levou a decidir a explorar a Serra da região norte do Peru. Colocamos a cidade de Chachapoyas no google Earth e cruzamos os dedos...
Uau!!! Fim do mundo total !!
Quando vi aquela cidadinha no mapa no meio do nada, aliás, no meio de muita montanha...confesso que suspirei fundo, mas tudo o que eu já tinha passado no meio do nada no meio do mar, não ia ser nada encarar aquela “lonjura” e aquela altitude.
Ficamos vibrando quando pesquisando vimos que Chachapoyas tinha a terceira maior cachoeira do mundo, ruínas, cânions, múmias, museus e muita aventura, um lugar ainda pouco conhecido por turistas, era pra lá que seguiríamos.
Fizemos o jantar de despedida com o nosso querido amigo e capitão, e no dia seguinte fizemos as malas, as tralhas...melhor dizendo...e partimos.
De Salinas pegamos um ônibus com duração de 3 horas para Guaiaquil (última cidade do Equador) e de Guaiaquil conseguimos a conexão para o mesmo dia para Piúra (primeira cidade do Peru).
Passamos a fronteira a noite tranquilamente, o ônibus tinha dois pisos, escolhemos o primeiro que tinha poltronas mais espaçosas, pois seriam 10 horas de viagem. Partimos eram 20:00 horas e lá por 22:00 horas serviram sanduíche e um refresco, encarei o sanduíche de queijo, mas o refresco que era colorido e servido em uma garrafa plástica de refrigerante preferi não encarar. O que sabíamos era que a situação higiênica do Peru era precária, a cólera ainda era um problema em determinadas regiões, então o cuidado com a alimentação teria que ser extrema.
Chegando em Piúra nos deparamos com carrinhos coloridos, sem porta, de três rodas...uma coisa esquisita mas engraçada ao mesmo tempo, achei que fosse carroça mas o Mané rindo da minha cara falou que era o táxi deles. Na rodoviária em Piúra resolvemos pegar o ônibus direto pra Chiclayo, já tinha um saindo em meia hora, só deu tempo de comprar gatorade, bolachinhas e embarcar novamente. Foram mais 3 horas, passando por uma região muito pobre, casas em cima de dunas infinitas. Chegando em Chiclayo no fim da manhã, uma cidade bem mais estruturada, compramos nossa passagem para Chachapoyas somente para 20:00 horas, então passamos a tarde inteira esperando dar o horário, andando pra lá e pra cá, literalmente... acho que fizemos uns 10 kilômetros caminhando na mesma rua.
Embarcamos no ônibus que levaria 10 horas para finalmente chegar em Chachapoyas, os assentos eram bem confortáveis, mas não tinha banheiro, então tentei colocar na minha cabeça que eu não sentiria vontade de ir ao banheiro...lá por quatro horas da madrugada o ônibus parou em algum lugar para as pessoas irem ao toilet....peguei meu rolo de papel higiênico (a dica para quem esta indo viajar para o Peru, sempre tenha papel higiênico no bolso) e fui ao toilet....que toilet???? Quando vi várias perninhas atrás de um caminhão, me dei conta que o banheiro era ao ar livre mesmo.
Chegamos em Chachapoyas eram seis horas da manhã, era uma cidadinha de arquitetura barroca, muito charmosa, e sem saber ainda para onde exatamente iríamos, resolvemos sentar num café e matar a fome. Comemos muito bem...um delicioso queijo branco, pães caseiros e um café bem quentinho. De repente um homem muito simpático, dono de um hotel veio nos oferecer hospedagem, deu seu cartão com o endereço, era ali pertinho...fomos conferir....perfeito!!! Ali seria nossa casa pelos próximos dias.
Ficamos enamorados por Chahcapoyas, realmente valeu a pena viajar tanto para chegar neste lugar (para quem não está disposto a enfrentar tanto ônibus, pode-se pegar um vôo direto para Chiclayo, depois não tem jeito....um ônibus de 10 horas de Chiclayo para Chachapoyas).
Foram maravilhosos seis dias nesta cidade que respira eco turismo, os lugares e atividades para se conhecer e fazer são muitos. O dono do nosso hotel (Las Orquídeas) quase toda semana saía pra fazer um treking de cinco dias, com turistas de todo o mundo, com destino final Kuelap, uma ruína Pré-Inca mais antiga que a ruína de Machu Picchu.
Com inúmeras agencias de turismo, elegemos a Turismo Explorer, que nos ofereceu passeios com guias para visitar a Cachoeira Gocta num dia e no outro dia visitar as ruínas Kuelap.
Depois de dois dias descansando e curtindo a cidade, fomos primeiro conhecer a terceira maior cachoeira do mundo, foi um dos lugares mais exuberantes que já fui, de carro passamos pela Serra da Cajamarca por 3 horas, magnífica...e depois fizemos um treking de seis quilômetros em meio à floresta até chegar à base da cachoeira que é perene e tem 770 metros de altura. Foi um dia inteiro de pura aventura e visuais maravilhosos. Para mim já tinha valido a pena !!!
Mais dois dias descansando....encaramos uma viagem de 4 horas pelos penhascos da Serra da Cajamarca em uma van que nos levaria a base das ruínas Kuelap. Chegando... fizemos um caminhado morro acima de 30 minutos até a entrada das ruínas. Fazia muito frio...o ar rarefeito e gelado da montanha de 3.000 metros de altura deixava as narinas doloridas. Em meio a nuvens com gotículas de água chegamos a Kuelap, posicionada no topo da montanha, podíamos ver a estrada que passamos lá em baixo, minúscula e sinuosa.
O primeiro visual foi de arrepiar, muralhas de pedra com 20 metros de altura que cercavam uma antiga cidade onde os Chachapoyas (Povo das Nuvens) moraram. O primeiro pensamento foi: como eles chegaram até aqui, e como empilharam tantas pedras...dizem que existe o triplo de pedras que foi utilizado para a construção das Pirâmides do Egito.
Foi um dia de muita história no interior das muralhas onde ficam as ruínas,...frio...e lindas paisagens!
No outro dia já estávamos querendo ficar mais dias nesta cidade...mais a viagem continuava e o próximo destino seria o litoral do Peru. Encontraríamos o Maurício em Pacasmayo para esperar a ondulação para surfar Chicama, considerada a onda mais longa do mundo.

by Rafaela Brogni

2 comentários:

Flavinha disse...

Ameeei o texto!

E mais ainda a aventura! Que sonho, adooooro ruínas e cidades assim, curiosas! Incrível, deve ser de arrepiar!

Imagina Machu? Nossa...

Rafinha, essa viagem tá sendo um sonho neh? Muito massa!!! :)

E tô acompanhando as foto no orkut, lindaaaas!

Então, minhas novidades são que estamos morando (eu e o Du) nos EUA, em NY! Sonho meu morar fora! Vamos ficar aqui alguns meses e ver no que dá. Até agora tô adorando tudo hahaha! Por isso o sumiço, a correria tava grande pra ajeitar tudo aqui. Sei que NY não é o estilo de vcs neh, hahaha, mas se quiserem vir nos visitar e conhecer tudo por aqui, já têm onde ficar!!! :)

Muitas saudades!!! Aproveitem demais por aí!
Beijão gigante!

Manuel Alves disse...

Flavinhaaaa...simplesmente amei saber que vcs estão realizando um sonho...sei muito bem que vc sempre quiz morar fora, sei que vc é uma pessoa dinâmica e ama viver com intensidade, então não poderia dar em outra, não importa onde ou como...o que importa é que vcs estão felizes e realizando seus sonhos. Com certeza vamos visitar vcs algum dia.NY ihuuuuuuuu!
Muito bom receber notícias suas, já estava com saudades!!!
Estamos torcendo por vcs e matenha-se e contato!!
Mande fotos...hehehehe !