sábado, 29 de agosto de 2009

A aventura continua



Vocês pensam que acabou?
Não...não...não !!!
Fechamos sim com chave de ouro a etapa que estava previamente planejada desde a nossa saída do veleiro no Equador, claro como toda viagem...longa...os planos mudam e novas aventuras podem surgir, e quando se está com a mente aberta e disposto para enfrentar o que der e vier...as oportunidades vão surgindo e quando se vê: o universo conspirou para que as coisas acontecessem.
Rumo novamente ao mar, desta vez, para o nosso oceano Atlântico. Depois dos contatos que o Mané fez com o pessoal da REFENO (Regata que sai de Recife e chega em Fernando de Noronha) ganhamos um presente: participar da RFENO fazendo parte da tripulação do VELA MORE, um Multichine 34 de aço, construído pelos próprios donos.
Obrigado por esta oportunidade !!

Deixamos Cusco...maravilhados, muito felizes...eu já sonhava a algum tempo em conhecer Machu Picchu.
Voltamos a Lima para o mesmo hostel que estivemos antes, passamos três dias passeando nas ruas modernas de Miraflores, e já em clima de despedida jantamos uma parrilada de frutos do mar num shopping aberto e de frente para o mar, estávamos ali de frente para o oceano Pacífico, agradecendo os quase cinco mêses que passamos nele, juntos e só coisas boas aconteceram.
Acordamos cedo para o aeroporto, eu para Floripa e o Mané para Recife via Rio Amazonas.
Enquanto eu já estaria no mesmo dia no Brasil, ele estaria em Iquitos, última cidade do Peru, antes de começar a nevegar o Rio Amazonas.
De Iquitos, navegando, ele chegaria em Tabatinga (Brasil) e depois em Manaus.
Depois de um mês sem entrar numa embarcação, agora a experiência de navegar o maior rio do mundo em uma embarcação com redes para dormir e num mar (mar de rio) com crocodilos de certeza....rsrsrs....Vamos esperar que ele conte aqui suas histórias, eu como autora e agora também como leitora, estou anciosa por saber como estará sendo esta experiência.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Com chave de ouro....

Punta Hermosa, sul de Lima, uma praia com constantes dias cinzentos, estávamos esperando por ondulação...quem sabe as ondas tornariam aquele lugar mais interessante, os raios de sol também tornariam com certeza aquele lugar mais bonito...mas eles não queriam mostrar suas caras, decidimos então seguir viagem. Para fechar com chave de ouro a passagem por este país tão imenso, escolhemos Machu Picchu como nosso próximo destino!!
Pegamos um táxi para Lima, dormimos num hostel em Miraflores, um bairro super estruturado, moderno e rico. Parecia outro país, estávamos acostumados com as paisagens humildes do litoral do Peru, e de repente nos encontrávamos num Peru bem desenvolvido, com arquitetura surpreendente e com grandes parques para lazer.
Acordamos cedo no dia seguinte, seguimos para o aeroporto eu, Mane e o Maurício, nosso amigo-primo-surfista que passou conosco duas semanas que mais pareceram dois meses, foram ótimos dias...a procura da “onda perfeita”. Além de surfarem Puemape, Huanchaco e Chicama, vivenciamos o cotidiano do povo peruano que fez da viagem uma imersão cultural....claaaro, não poderia ter sido mais divertido !!! Era hora de se despedir, ele de volta a Floripa, e eu e Mané para mais uma aventura!
Do avião podíamos ver Cusco, milhares de telhados grudados uns aos outros, encravados em meio a montanhas, era a capital do Império Inca encravada na realidade num vale, no Vale Sagrado.
Deixamos nossas tralhas no hostel, Sumac Wasi, situado no topo da montanha, o visual que se podia ver do terraço era espetacular, lindo...aquela cidade mística aos nossos pés!
Tomamos o tradicional chá de folha de coca, era uma forma de prevenir o mal estar causado pela altitude, os 3.500 metros poderiam causar enjôos, vômitos e fortes dores de cabeça...então antes que eles chegassem, detonamos o chá que já ajudava a esquentar o corpo. A folha de coca degustada em forma de chá ou simplesmente mascando, tem poder medicinal, ela ajuda na absorção do oxigênio e faz com que o organismo absorva 3 x mais os nutrientes dos alimentos, então permanecemos com mais energia por mais tempo.
Fomos gastar nossas energias caminhando pela cidade de Cusco e descobrimos que embaixo daqueles telhados grudados uns aos outros, existiam obras de artes feitas com pedras. Eram construções feitas pelos Incas com pedras encaixadas de forma perfeita, algumas delas podiam pesar mais de 100 toneladas e eram lapidadas de forma a encaixar em outra, formando grandes muros, que eram as casas e os templos.
As ruas estreitas com calçadas não mais de 50 cm de largura são disputadas por muitos turistas e fotógrafos. Tudo é arte...os cafés, restaurantes e lojas possuem uma decoração muito charmosa e autêntica, a Plaza de Armas é o centro e o encontro de todos que estão ali por um único motivo: Machu Picchu.
Fomos pesquisar com agências de turismo qual a melhor forma de se chegar à Machu Picchu, e descobrimos que além da trilha tradicional Inca, da trilha de Salcantay e do trem, existia agora uma forma de se chegar que era a maior parte de carro e um trecho de trem, a qual levaria 2 dias e 1 noite. Existia ainda uma outra que levaria 3 dias e 2 noites, esta com um trecho morro abaixo de bicicleta.
Dentro de nossas condições físicas, financeiras e temporais...rsrsrsrs...optamos pela de carro (2 dias e 1 noite).

Saímos cedo, pois tínhamos 5horas e meia para chegar à Hidrelétrica de carro, e depois pegar o trem que levaria mais 1hora, para finalmente chegar em Águas Calientes. Águas Calientes é a última cidadela antes de chegar em Machu Picchu, o objetivo era dormir em Águas Calientes, acordar cedo e chegar em Machu Pichu antes do sol nascer.
A viagem de carro, posso dizer que foi umas das experiências mais adrenalizantes da minha vida, senão a mais. Tínhamos que alcançar 4.025 metros de altitude através de uma estrada a beira de um penhasco, no começo as paisagens eram tão maravilhosas que eu cheguei a esquecer que existia um precipício a pouco menos de 1 metro do nosso carro. As montanhas com neve fazia parecer tudo perfeito, era perfeito sim...lindas paisagens com diversos tons de verdes e lagos que saiam fumaça.
Quando terminou o asfalto, a estrada se tornou estreita e muito sinuosa, e lá estávamos nós correndo contra o tempo para pegar o último trem que nos levaria à Águas Calientes. O nervoso batia quando vinha um carro no sentido contrário e os motoristas tinham que recolher cada um seu retrovisor para que não caíssemos no penhasco, mesmo com medo eu ainda tinha coragem de olhar lá para baixo e ver as pedras rolando...para uma pessoa que tem pavor de altura...como eu...sem dúvidas eu não repetiria esta dose !
Chegando na Hidrelétrica, foi uma emoção entrar no trem (classe backpackrs). Indescritível a beleza e exuberância daquele caminho perdido entre montanhas de pedras e floresta tropical, fomos durante 1 hora com a cabeça para fora da janela do trem aproveitando o visual, até chegar na cidadela (Águas Calientes) que se desenvolveu em torno do trilho do trem...inúmeros bares, cafés, hotéis e restaurantes ficavam de frente para o trilho, como se fosse a avenida principal da cidade...e era.
Sem despertador, acordamos depois do horário previsto e tivemos que sair correndo para pegar um ônibus que nos levaria a entrada das ruínas de Machu Picchu...deu tempo...chegamos antes de o sol nascer! E de queixo caído...entramos nas ruínas com os primeiros raios de sol inundando a antiga cidade Inca.
Impressionante, extasiante e gratificante...poder ver com os próprios olhos e caminhar dentro desta antiga cidade, acompanhamos o guia, que falava em um espanhol fácil, para entender toda a história e os porquês dos porquês, e mesmo com tantas respostas, ainda sobrava mistérios em relação a esta cidade, o que torna ela ainda mais interessante.







































quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Melhor tripulação que eu já tive*



“Coração fraco nunca ganhou coisa alguma, deixe eles ser bravos, para dançar e cantar.”
- Ditado Africano

Adeus, meus amigos. Mané e Rafaela foram a melhor tripulação que eu já tive. Eles não apenas limpavam, cozinhavam, consertavam e faziam uma excelente vigia (Rafa pode farejar um barco antes mesmo de ele aparecer no horizonte), mas eles também conseguiram mudar a maneira sobre como eu me sinto em relação aos brasileiros, ao amor e à própria vida...

Logo no começo da viagem, Mané nos contou sobre as experiências anteriores deles velejando – como o barco cheirava à gasolina, era molhado, sujo e quase afundou, e como o capitão era maluco, e roubou o dinheiro deles... “mas”, disse ele, “It was really nice” (foi muito legal)...

Esse exemplo mostra a personalidade desse indivíduo singular. Não importa o quão difícil, desconfortável, ou sujo ele esteja, ele consegue sempre enxergar o lado bom. Explorado e mal-pago, desvalorizado, machucado e sangrando, Mané sempre encontrará uma razão para ser feliz...

O eterno otimista… chega a ser até um defeito.

Por pior que estejam as coisas, isso é o melhor que pode ficar. E isso é verdadeiramente o maior defeito do Mané: otimismo demais. Claro, você pode ter que levar algumas coisas que ele diz com um grão de sal: se ele diz que vai ter onda de 6 pés para surfar, é melhor você mesmo checar a previsão, pois pode não estar tudo isso.
Eu aprendi a regular o entusiasmo do Mané através das minhas próprias lentes realistas (pessimistas?).

Mas isso é apenas uma lombada na estrada para uma manifestação positiva. Olhe para a vida deles – eles fizeram acontecer coisas alucinantes, e eles estão apenas no começo. Como o Mané mesmo admite, se não fosse pelo extremo otimismo dele, ele não estaria casado com uma menina tão especial como a Rafaela. Se ele não acreditasse nos seus próprios filmes coloridos, ele seria mediano, igual a todo mundo, trabalhando em algum shopping em algum lugar...

Mandou bem, Mané. Não deixe pessoa alguma lhe dizer que você deveria ser mais realista!

Quanto à Rafaela, se ela tiver algum defeito, eu não sei o que é. Fácil de agradar, bem humorada, charmosa, e corajosa o suficiente para apoiar e acompanhar o Mané em suas aventuras malucas...
Eu só queria que ela tivesse uma irmã.

A evolução de nossa viagem foi muito interessante, “was really nice” (foi muito legal), como diria o Mané. Nós tivemos nossos momentos críticos, especialmente quando o barco estava içado no Panamá, mas nós tivemos nossos momentos mágicos também, e isso é o que velejar REALMENTE significa. Você não pode ter o bom sem o ruim, eles estão conectados. Velejar é o exemplo mais dramático disso: Um dia nós estaremos num sujo Panamá, sujo, chato, e gastando dinheiro como loucos. No dia seguinte estaremos em alguma praia de uma ilha paradisíaca, sozinhos, nadando em água cristalina, e comendo mangas colhidas das árvores...

Obrigado por segurar a onda nas horas ruins até as boas, e por fazer as horas ruins o mais fácil que se pode fazer para dar conta delas...

Também, obrigado por mudar minhas percepções sobre os brasileiros. Vindo do Hawaii, nós somos pré-dispostos a pensar nos brasileiros com barulhentos, pessoas agressivas ao extremo, que vem em matilhas como cães para se adonar das ondas... Bem, eu tenho que admitir que os havaianos são provavelmente tão maus no surf, mas quando você vem de algum lugar, você não olha de verdade para você mesmo bem de perto, olha? Mané e Rafa me ajudaram a evoluir para um novo entendimento da cultura brasileira, e eu acho que eu gostei disso...

Primeiro, Rafaela, quieta, fala mansa, e não-dramática (pelo menos em público), não pisa no calo de ninguém, não força a opinião dela, não tenta ser o centro das atenções. Isso é muito legal e muito refrescante numa menina tão bonita. Seja qual for a cultura... Elas são poucas e difíceis de achar, acredite em mim.

Próximo, Mané. Possivelmente o melhor diplomata na América Latina que alguém poderia pedir para ter... A primeira vez que cruzamos uma fronteira – no México – eu estava com o pé atrás em deixar ele falar com os oficiais. Como Capitão, eu sempre achei melhor dizer pouca coisa, falar o menos possível com eles, e manter a tripulação o mais quieta possível. No entanto, após começar uma conversa sobre futebol, algumas risadas se seguiram, e logo após o official da imigração estava nos fornecendo o e-mail pessoal dele, e nos convidando para jantar na casa dele… A partir daí, eu nomeei o Mané como nosso homem de frente em quantas situações fosse possível. Ele é uma pessoa do povo, e sabe como “engraxar as engrenagens” na medida certa.

Um exemplo perfeito veio no surf... Em um dia chuvoso nós chegamos de bote em um pico altamente protegido por locais no Panama. Os únicos surfistas na água eram os locais, e nós sabíamos que eles não estavam muito felizes em ver dois turistas… Mas… as ondas estavam bombando. O único lugar para deixar nosso bote ali era amarrando ele no barco dos locais... O que nós faríamos…?
“Mané” disse eu, “rema até lá, e vê se nós podemos amarrar nosso bote no barco deles”… Mandando ele para os leões… Então ele foi.

Agora, na maioria das partes do mundo, isso seria uma má idéia. Não apenas nós estávamos craudeando o pico deles e precisando da ajuda deles, mas também, nós éramos brasileiros... Deus nos ajude.
No entanto, Mané facilmente assegurou as boas graças deles, e acenou para mim com um OK para amarrar o bote… Após isso, ele conquistou a coisa mais legal que alguém pode fazer em um pico novo e com forte localismo: ele pegou a melhor onda do dia, e continuou entubando em toda linha dela, com todos os locais olhando e vibrando... Nós estávamos dentro! Mané sozinho nos elevou de repente da condição de cidadãos de segunda classe, para realezas do surf. Grandes sorrisos e risadas por todos os lados...

Daí em diante, eu me dei conta que brasileiros não são tão agressivos, quanto eles são vivos, cheios de vida, querendo viver completamente, conectados com pessoas, e preparados para viver e dar o máximo de suas forças agora, porque o amanhã pode nunca vir...

Agora essa é uma atitude que eu posso acreditar.

Eu apenas espero que um pouco do otimismo deles, da paciência, e da grande sorte tenha vindo para mim também. Esse cínico, cheio de manias, norte-americano. Eu também fiz um trabalho singular em viver minha vida para o momento, mais do que muitos outros, e nisso Mané e eu somos realmente irmãos. Mas eu me dei conta, existe um outro nível.

Mané precisa de absolutamente nada, então ele tem tudo. Rafaela tem tudo, então ela precisa de absolutamente nada.

Que todos possamos chegar lá eventualmente.

Mané e Rafaela, vocês serão meus queridos amigos por toda a vida. Felizes viagens!

-Capitão Cam

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*Traduzido por Gustavo Otto, do original "best crew I ever had", postado aqui no Duplaventura em 21/07/2009.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Nas alturas...












Foram apenas cinco dias no Equador, em Salinas, uma cidade pacata naquela época do ano, com uma paisagem desértica, muito diferente das paisagens verdes que estávamos acostumados a ver, este tempo foi o suficiente para decidirmos seguir em frente, agora por terra. Peru era o próximo país, começamos a pesquisar na internet para onde iríamos, começar por onde?
Podíamos começar pelo litoral norte do Peru, surfar Mâncora e Lobitos, tínhamos a possibilidade de pegar carona com um veleiro que estava precisando de tripulação e estaria indo pra lá, mas nossa saudade da terra nos levou a decidir a explorar a Serra da região norte do Peru. Colocamos a cidade de Chachapoyas no google Earth e cruzamos os dedos...
Uau!!! Fim do mundo total !!
Quando vi aquela cidadinha no mapa no meio do nada, aliás, no meio de muita montanha...confesso que suspirei fundo, mas tudo o que eu já tinha passado no meio do nada no meio do mar, não ia ser nada encarar aquela “lonjura” e aquela altitude.
Ficamos vibrando quando pesquisando vimos que Chachapoyas tinha a terceira maior cachoeira do mundo, ruínas, cânions, múmias, museus e muita aventura, um lugar ainda pouco conhecido por turistas, era pra lá que seguiríamos.
Fizemos o jantar de despedida com o nosso querido amigo e capitão, e no dia seguinte fizemos as malas, as tralhas...melhor dizendo...e partimos.
De Salinas pegamos um ônibus com duração de 3 horas para Guaiaquil (última cidade do Equador) e de Guaiaquil conseguimos a conexão para o mesmo dia para Piúra (primeira cidade do Peru).
Passamos a fronteira a noite tranquilamente, o ônibus tinha dois pisos, escolhemos o primeiro que tinha poltronas mais espaçosas, pois seriam 10 horas de viagem. Partimos eram 20:00 horas e lá por 22:00 horas serviram sanduíche e um refresco, encarei o sanduíche de queijo, mas o refresco que era colorido e servido em uma garrafa plástica de refrigerante preferi não encarar. O que sabíamos era que a situação higiênica do Peru era precária, a cólera ainda era um problema em determinadas regiões, então o cuidado com a alimentação teria que ser extrema.
Chegando em Piúra nos deparamos com carrinhos coloridos, sem porta, de três rodas...uma coisa esquisita mas engraçada ao mesmo tempo, achei que fosse carroça mas o Mané rindo da minha cara falou que era o táxi deles. Na rodoviária em Piúra resolvemos pegar o ônibus direto pra Chiclayo, já tinha um saindo em meia hora, só deu tempo de comprar gatorade, bolachinhas e embarcar novamente. Foram mais 3 horas, passando por uma região muito pobre, casas em cima de dunas infinitas. Chegando em Chiclayo no fim da manhã, uma cidade bem mais estruturada, compramos nossa passagem para Chachapoyas somente para 20:00 horas, então passamos a tarde inteira esperando dar o horário, andando pra lá e pra cá, literalmente... acho que fizemos uns 10 kilômetros caminhando na mesma rua.
Embarcamos no ônibus que levaria 10 horas para finalmente chegar em Chachapoyas, os assentos eram bem confortáveis, mas não tinha banheiro, então tentei colocar na minha cabeça que eu não sentiria vontade de ir ao banheiro...lá por quatro horas da madrugada o ônibus parou em algum lugar para as pessoas irem ao toilet....peguei meu rolo de papel higiênico (a dica para quem esta indo viajar para o Peru, sempre tenha papel higiênico no bolso) e fui ao toilet....que toilet???? Quando vi várias perninhas atrás de um caminhão, me dei conta que o banheiro era ao ar livre mesmo.
Chegamos em Chachapoyas eram seis horas da manhã, era uma cidadinha de arquitetura barroca, muito charmosa, e sem saber ainda para onde exatamente iríamos, resolvemos sentar num café e matar a fome. Comemos muito bem...um delicioso queijo branco, pães caseiros e um café bem quentinho. De repente um homem muito simpático, dono de um hotel veio nos oferecer hospedagem, deu seu cartão com o endereço, era ali pertinho...fomos conferir....perfeito!!! Ali seria nossa casa pelos próximos dias.
Ficamos enamorados por Chahcapoyas, realmente valeu a pena viajar tanto para chegar neste lugar (para quem não está disposto a enfrentar tanto ônibus, pode-se pegar um vôo direto para Chiclayo, depois não tem jeito....um ônibus de 10 horas de Chiclayo para Chachapoyas).
Foram maravilhosos seis dias nesta cidade que respira eco turismo, os lugares e atividades para se conhecer e fazer são muitos. O dono do nosso hotel (Las Orquídeas) quase toda semana saía pra fazer um treking de cinco dias, com turistas de todo o mundo, com destino final Kuelap, uma ruína Pré-Inca mais antiga que a ruína de Machu Picchu.
Com inúmeras agencias de turismo, elegemos a Turismo Explorer, que nos ofereceu passeios com guias para visitar a Cachoeira Gocta num dia e no outro dia visitar as ruínas Kuelap.
Depois de dois dias descansando e curtindo a cidade, fomos primeiro conhecer a terceira maior cachoeira do mundo, foi um dos lugares mais exuberantes que já fui, de carro passamos pela Serra da Cajamarca por 3 horas, magnífica...e depois fizemos um treking de seis quilômetros em meio à floresta até chegar à base da cachoeira que é perene e tem 770 metros de altura. Foi um dia inteiro de pura aventura e visuais maravilhosos. Para mim já tinha valido a pena !!!
Mais dois dias descansando....encaramos uma viagem de 4 horas pelos penhascos da Serra da Cajamarca em uma van que nos levaria a base das ruínas Kuelap. Chegando... fizemos um caminhado morro acima de 30 minutos até a entrada das ruínas. Fazia muito frio...o ar rarefeito e gelado da montanha de 3.000 metros de altura deixava as narinas doloridas. Em meio a nuvens com gotículas de água chegamos a Kuelap, posicionada no topo da montanha, podíamos ver a estrada que passamos lá em baixo, minúscula e sinuosa.
O primeiro visual foi de arrepiar, muralhas de pedra com 20 metros de altura que cercavam uma antiga cidade onde os Chachapoyas (Povo das Nuvens) moraram. O primeiro pensamento foi: como eles chegaram até aqui, e como empilharam tantas pedras...dizem que existe o triplo de pedras que foi utilizado para a construção das Pirâmides do Egito.
Foi um dia de muita história no interior das muralhas onde ficam as ruínas,...frio...e lindas paisagens!
No outro dia já estávamos querendo ficar mais dias nesta cidade...mais a viagem continuava e o próximo destino seria o litoral do Peru. Encontraríamos o Maurício em Pacasmayo para esperar a ondulação para surfar Chicama, considerada a onda mais longa do mundo.

by Rafaela Brogni

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

A Viagem continua....
















Fala pessoal...

Estamos em Lima, chegamos hoje de Punta Hermosa aonde fomos aproveitar o último swell que surfamos no Pacífico este ano.
Sabemos que estamos em débito com o Blog, mas a Rafinha já esta com o texto sobre o Perú até agora bem adiantado.
Para terem uma idéia do que rolou nestes quase 20 dias por aqui, vai um breve resumo:
Saímos de Salinas no Equador com destino à Piúra, de ônibus, 14 horas, com a passagem das fronteiras às 3 da madrugada.
Chegamos em Piúra logo cedo e seguimos direto para Chiclayo.
Chegamos em Chiclayo antes do almoço e pegamos outro ônibus para Chachapoyas às 7 da noite.
Chegamos em Chachapoyas às 6:30 da manhã.
Esta cidade fica na serra da Cajamarca, aproveitamos para matar as saudades das montanhas, fomos conhecer a terceira maior cachoeira do mundo - Gocta com 711 metros (tem o filme aqui em baixo), e a Cidadela Pré-Inca de Kueláp (mais outro vídeo abaixo).
Depois descemos para o litoral norte, encontramos o Maurício, em Pacasmayo, praia com ondas excelentes, mas não nos dias em que estivemos por lá.
Conhecemos tambem Puemape, com ondas um pouco melhores no fraco swell que estava presente na época.
Cansados da miséria de Pacasmayo, resolvemos ir até Huanchaco, berço do Surf nos Cabalos de Totora (embarcações de pesca feitas de uma espécie de junco, em que os pescadores voltam surfando as ondas após a pesca, a mais de 3 mil aos atrás), conhecemos um pessoal legal e estamos formulando um bom projeto de intercâmbio com a Ass. Catarinense de Escolas de Surf, e surfamos mais um pouco.
Também aproveitamos para conhecer uma cidade de barro, de idade pré-inca, aonde já viveram mais de 60.000 pessoas, chamada Chan-Chan. De cair o queixo a ligação deste povo com o mar. Todos os detalhes em alto-relevo lembram redes, ondas, pássaros marinhos, até a cortiça das redes esta representado no barro.
Esperamos em Huanchaco pela entrada do swell em Chicama, a onda mais longa do mundo, e não nos arrependemos. Chicama estava majestosa.
Depois, com mais uma baixada no swell resolvemos descer até Punta Hermosa, que fica do lado de Lima, para tentar mais sorte com as ondas.
Mais uma vez pouco swell, mas mesmo assim deu para pegar umas boas ondas em Punta Rocas.
Agora estamos aqui, em um hostel no centro de Lima, esperando o tempo passar para amanhã cedo seguir rumo à Cusco, Machu Pichu e suas maravilhas.
Devemos ter feito mais de 3.000 km neste período, tudo certo graças a Deus.
Mantenham-se antenados, que a Rafa deve colocar mais um texto bem longo em breve.
Obrigado por acompanharem nossa viagem.

Mané e Rafa

terça-feira, 4 de agosto de 2009