quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

A Relidade hoje...

!2 de Fevereiro de 2014

Por algum tempo venho pensando em voltar a escrever.
Quase um ano apos a ultima publicação neste Blog.
Escrever sobre tudo o que vivi neste período... Com certeza o período mais intenso,  o mais cheio de aprendizagem, de angústias, de felicidades, de solidão e companheirismo que vivi até agora.
Um ano de perdas e reencontros. Principalmente perdas e Reencontros.
Ha um ano estava nesta mesma ancoragem, ancoragem de Carenero, em Bocas del Toro, no Panamá.
Curiosamente, também com o sentimento de que deveria voltar a escrever.
Ha um ano fiz um resumo do que tinha acontecido em nossas vidas, minha e da Rafa, para que conseguíssemos nos tornar Velejadores de Cruzeiro, falando sobre as Fases em que passamos ate poder ter o sentimento de que estávamos vivendo o sonho de tantos anos.
Neste período de um ano, uma nova fase se iniciou em nossas vidas.
Por toda a minha vida tive um sonho. Distante, quase impossível no início, mas que ao passar dos anos com o esforço diário, com ajuda de algo superior, conspirações universais, destino, fé, caminho, sorte, azar e amor, principalmente amor, consegui realizar.
Sonhei que um dia seria um Viajante dos Mares. Que viveria em um veleiro. Que velejaria de ilha em ilha em busca de ondas, natureza, mergulho, novas amizades, novas culturas...
Ha um ano estava sentado em uma ancoragem idílica de água transparente, morando e viajando em um barco de sonho a mais de dois anos, escutando o som das ondas quebrando em uma bancada perfeita, logo ali atras da ilha, em um pais distante de cultura diferente, ao lado da mulher de meus sonhos.
Finalmente tinha realizado o Sonho da minha vida. 35 anos de idade...
Mas... e daí?
A vida não acaba quando não realizamos nossos sonhos, como também não acaba quando conseguimos realizá-los.
O difícil para o sonhador, quando vive o sonho, é definir qual vai ser seu próximo sonho.
Sua próxima missão de vida, seu novo objetivo, nova meta, novo desafio, novo Caminho...
Algum tempo depois a Rafa decidiu ir em busca de seu sonho. Seu sonho já não era mais viver a bordo.
Já tinha vivido este sonho lindo por anos, conheceu seu brilho e sua escuridão. Doou-se de uma forma única, para realizar e viver esta experiencia de vida. Deu literalmente sangue, suor e lágrimas, felizmente a maioria delas, lágrimas de felicidade.
Mas sentiu que seu novo sonho não estava mais a bordo do Brava. Decidiu voltar ao Brasil em busca de uma nova realização, uma nova meta, um novo desafio, um novo Caminho. Em busca de um novo reencontro com ela mesma, com sua alma sonhadora.
Tivemos uma despedida triste, repleta de amor, sinceridade, carinho e apoio mútuo. Sentimentos que a cada dia crescem mais entre nós dois. Difícil não me emocionar em relembrar os últimos momentos dela no Brava. Em lembrar como foi doloroso aceitar o fato de que nossos caminhos se separavam.
Eu quebrei, desmoronei, a fui me reencontrar.
Ela quebrou, desmoronou, e foi se reencontrar.
Encontrei um veleiro que precisava de tripulação para atravessar o Atlântico saindo de Saint Maarten no Caribe e chegando em Palma de Maiorca, Mar Mediterrâneo.
Tive oportunidade de voltar a encontrar amigos que a muito tempo não via, lugares que a muito tempo não ia, emoções que a muito tempo não sentia.
Mas mesmo usando o azul único do meio do Oceano Atlântico como espelho para a minha alma por dias e noites de reflexão e busca, ainda não tinha me reencontrado.
Foram 20 dias de travessia, período em que me reencontrei como velejador.
Ao chegar na Europa decidi realizar um sonho antigo e sempre postergado.
Resolvi comprar uma bicicleta e fazer o Camino del Norte, uma das rotas mais longas do Caminho de Santiago de Compostela. Pedalei pelo litoral norte da Espanha, entre Bilbao e Santiago de Compostela, sozinho, acompanhado por uma prancha de Surf e a vontade de surfar o máximo de ondas pelo caminho, encontrar pessoas, lugares, conhecimento.
Encontrei muito mais do que isto. Encontrei humildade, encontrei silencio, encontrei Paz...
Descobri que cada um tem seu próprio Caminho. Que sentir que outra pessoa deve abrir mão do Caminho dela para seguir o seu Caminho não é amor, mas sim um sentimento quase oposto. Amor é apoiar quem você ama a encontrar o seu Caminho.
Descobri que o verdadeiro amor entre duas pessoas esta em compartilhar as alegrias e tristezas de forma sincera enquanto caminham juntas, pelo mesmo Caminho. Em saber que só tempo ira fazer seus Caminhos voltarem a se cruzar... Ou não... mas que se apoiam por não desistirem de sua busca, de seu Caminho. Pois é isto que eles fazem.... caminham, sonham...
Chegar em Santiago, seguir pedalando... porque o Caminho não acaba, ele se perpetua ao caminhar.
Ainda não sabia o que buscava neste Caminho, mas sabia que tinha me reencontrado como Peregrino.
Voltei de bicicleta a Portugal e la voltei a trabalhar como Professor de Surf. Reencontrei pessoas importantíssimas em minha vida, revivi emoções, voltei a lugares, tive oportunidade de fazer uma leitura de que tinha vivido em 15 anos. Do que tinha vivido desde que pela primeira vez que estive no Arquipélago dos Açores e conheci o mundo dos Velejadores de Cruzeiro, dos Viajantes do Mar e decidi que aquele era meu sonho, missão de vida, seu objetivo, minha meta, meu desafio, meu Caminho.
Reencontrei o valor das amizades, da insignificância do tempo, o prazer de surfar, da alegria em ensinar.
Foram quatro meses de busca, de reencontros. Voltei a ser Sonhador, viajante, aventureiro, surfista, amigo...
Retornei ao Brasil. Precisava matar a saudade que sentia da minha família, dos meus amigos, da Rafa...
Vivi momentos únicos com todos eles. Inacreditavelmente únicos.
Me reencontrei como filho, como irmão, como amigo...
Mas sentia que ainda não tinha me reencontrado.
Voltei a Bocas del Toro para reencontrar o Brava após 5 meses.
Foi duro reencontra-lo apos 5 meses fechado. Mofo, baratas, formigas e lagartixas tinham tomado posse da minha casa. Chegaram com a umidade panamenha ou pelos cabos que amarravam o Brava.
Mas todo o trabalho dos primeiros dias me ajudou a enfrentar a solidão. Me ajudou a buscar metas, criar objetivos.
Duas semanas  e quatro sessões de extermínio depois o Brava já estava voltando ao seu estado normal.
Vieram os amigos, voltaram as ondas, as velejadas, os golfinhos, as ancoragens de água transparente, o conforto de um barco de sonho, o prazer de estar de volta a casa, de estar vivendo o sonho.
Finalmente tinha me reencontrado.
Redescobri que este é o meu Caminho. Sou um Sonhador. Sou um Peregrino.
Meu novo sonho é viver em um veleiro e velejar de ilha em ilha em busca de ondas, natureza, mergulho, novas amizades, novas culturas...sonhar, realizar e voltar a sonhar. Aprender o que se esconde atrás de cada curva do Caminho e seguir em busca do que o próximo passo me reserva.
Tudo sempre esteve exposto, me mostrando a direção... o amor da família, a parceria dos amigos, os encontros e desencontros, os acertos e erros, as subidas e descidas, a companheira incansável.
Senti que uma importantíssima fase de minha vida tinha terminado, que uma ainda mais importante se inicia.
Que venha o Pacífico. Que venham novos desafios.
Obrigado Meu Deus por me guiar sempre.
Obrigado a todos que de alguma forma me ajudaram a seguir caminhando.
Bom Caminho Rafa.
Nunca parem de Sonhar!!!
























14 comentários:

Lucia Malla disse...

Boas realizações nessa nova caminhada pelo Pacífico! Aloha!

Manuel Alves disse...

Obrigado Lucia
Bons Ventos!!!

Fly disse...

Que texto maravilhoso Mané… Maravilhoso mesmo. Intenso, emocionante e verdadeiro. Brigada por compartilhar tudo isso. E eu sei por experiência que é exatamente assim… Parabéns pela caminhada peregrino, com certeza é so o começo!
ULTREYA!!!!
Flavia

Manuel Alves disse...

Obrigado Flavia
Fico feliz que vc gostou.... vc sempre acompanhou nossa história.
Beijão e Buen Camino!!!

Anônimo disse...

emocionante. energia cosmica, VIDA! Te amo Primo! Tamu junto por ai! com todo o meu carinho, andy

Manuel Alves disse...

Andy
Voce faz parte desta historia. Obrigado por caminhar junto
Beijao

Cleide disse...

Sem palavras meu amigo...Muita emoção nas palavras...Sabe que sempre estaremos juntos acompanhando a realização de seus sonhos...Mesmo a milhas de distancia..Bons ventos, boas ondas, ótimas realizações..
Beijão da familia Rapel que tá crescendo por aqui...Clê..

Manuel Alves disse...

Valeu Cle, Rapel, Isa e gemeos
Voces fazem parte desta caminhada
beijao a todos e parabens pela expansao da familia.
Bons ventos sempre!!!

Viviane Corazza disse...

Boa sorte grande Mane!!! Sabias palavras, o seu texto transmite muito claro suas emocoes e sentimentos e me inspira a seguir e acreditar cada vez mais nos meus sonhos e que tudo que se acredita e verdade e possivel!! Bons ventos e luz divina no seu caminho!!

Manuel Alves disse...

Valeu Vivi
Muito obrigado pela visita e por me ajudar e reencontrar meu caminho.
Beijão
Manuel Alves

Unknown disse...

Olá Manuel,

muito bom o blog e seus relatos. qual seria a programação para o mês de abril.

Estamos no RJ capital e gostaria de maiores detalhes de como fazer uma jornada no barco tipo de 5 dias.

Quais os custos estimados para 1 casal com passagens, etc.. para o local de destino.

Grande abraço,

Ney Gerhardt

e-mail; ney.gerhardt@dataprev.gov.br

Manuel Alves disse...

Ola Ney
Estou te mandando resposta por email
Obrigado por visitar o Blog
Abraço

Anônimo disse...

Manuel, bom dia tu tens certamente.
Tive o primeiro contato com vela num barco Flash em aulas de iniciação nesta semana.
Não conheço a negação de sonho, portanto, início minhas viagens mentais.
Vou viver teoricamente o mundo da cela nos próximos 2 anos para embasar projeto.
Você pode me informar custos e equipamentos pessoais para uma velejada de 10 dias no Brava para Claides e Celso (46 e 52 anos)?
Sou: celso.collodetti@vale.com

Anônimo disse...

Manuel, bom dia tu tens certamente.
Tive o primeiro contato com vela num barco Flash em aulas de iniciação nesta semana.
Não conheço a negação de sonho, portanto, início minhas viagens mentais.
Vou viver teoricamente o mundo da cela nos próximos 2 anos para embasar projeto.
Você pode me informar custos e equipamentos pessoais para uma velejada de 10 dias no Brava para Claides e Celso (46 e 52 anos)?
Sou: celso.collodetti@vale.com