Ficamos duas noites em Manzanillo, no Hostel Buffalo Don Bajo el Mismo Sol, realmente ficando mais lá do que em qualquer outro local. O Hostel ficava a aproximadamente 1 km da Praia de Miramar, importante destino turístico do México. Caminhamos até ela, e o que encontramos foi uma praia estilo Balneário Camboriú, sem os seus enormes edifícios a Beira-Mar, muita gente na praia e uma onda única, quebrando de lado a lado na sua praia de quase 4 km de extensão. Nada bom para o Surf, nada bom para relaxar na areia, aproveitamos para encontrar um restaurante com boa comida e bom preço para sairmos um pouco da rotina e realmente comer com qualidade e quantidade.
O resto do tempo acabamos ficando no Hostel, que tinha uma agradável piscina, com uma menor anexada estilo Jacuzy, que fez a alegria da Rafinha, que ficou de molho durante bastante tempo, talvez relaxando seus ossinhos em uma gravidade diferenciada, talvez só tentando fugir do inclemente calor Mexicano, mas, de qualquer forma, aproveitou bastante, só saiu quando a ponta de seus dedos já estavam enrrugados.
Eu passei bastante tempo conversando com o pessoal, especialmente com o Don, o Canadense proprietário do local e com o Steve, o Australiano que esta rodando as Américas com sua moto, duas pessoas com idades bem mais avançadas que a minha, com muito mais experiência de vida do que eu, e com um espírito realmente jovem. Foi maravilhoso poder conhecer suas histórias, suas opiniões sobre os mais variados assuntos, só não conversamos sobre política, trabalho, nem dinheiro. Apenas conversamos sobre a Vida e as coisas boas que ela nos proporciona. Não seria perfeito se pudesse ser sempre assim?
Aproveitei para acabar o filme do N2, que teve uma sessão de estréia realmente bacana, com a turma toda conferindo o resultado, brindado com uma rodada de cerveja.
É realmente incrível o quanto podemos ficar próximos de pessoas que nunca vimos antes em apenas dois ou três dias de convivência.
Na quarta feira, quando acordamos cedo e fomos até um Cybercafé para conferirmos se a turma já tinha chego, a notícia de que finalmente iríamos embarcar foi recebida com o coração dividido. Sem dúvida alguma, queríamos embarcar, velejar, continuar a viagem, mas já estávamos nos sentido totalmente em casa naquele agradável local, com aquele agradável grupo de pessoas .
Tomamos uma café da manhã reforçado, nos despedimos da turma, o Don estava visivelmente emocionado, como se estivesse se despedindo de um filho, ia e voltava, olhava, sorria, saía, voltava, numa destas, voltou com uma camisa da Cerveja Sol, preta, bacana, boa para usar em alguma ocasião especial, e me deu de presente. Ele não queria ver esta dupla indo embora. Chamamos um Táxi, que chegou inexplicavelmente rápido, como se estivesse assistindo toda aquela cena de cantinho. Não tinha outra alternativa… era a hora de embarcar. A turma toda ajudou a colocar as malas e pranchas no Táxi, quando, do nada, aparece o Australiano, correndo portão afora para nos dar um último abraço. Aquele Senhor em idade, porém mais jovem do que muitos dos presentes em espírito não queria nos deixar ir sem um último abraço. Deu um abraço apertado na Rafinha, depois um em mim, todos com os olhos carregados, dava para sentir algo especial no ar…. Olhei para ele, seus olhos estavam como uma piscina…Só consegui falar…. Man… just try to keep yourself in one piece…. Outro abraço apertado… entrei no Táxi amarradão, emocionado, aquelas pessoas realmente tocaram meu coração, comentei com a Rafinha minha alegria, ela estava sentindo o mesmo.
Obrigado eu Deus por criar curvas no nosso caminho, curvas que nos levam a este maravilhoso estado de espírito, nos faz crescer como pessoas, ver o mundo e nossas vidas por outra perspectiva.
Doze dias haviam se passado desde nossa partida do Brasil, nada, muito pouco para quem manteve sua rotina diária, baseada em semana de trabalho, fim de semana de diversão, mas para nós dois, doze dias foram suficientes para estarmos certos sobre o que realmente queremos, o que buscamos….
Quando recebemos o convite do Cameron para tripularmos Veleiro e ajudá-lo a levá-lo até o Panamá, acreditávamos que seria uma oportunidade única m nossas vidas. Ainda acreditamos nisto, mas nunca, jamais imaginávamos que este breve período que ficaríamos viajando em terra antes de embarcar seria tão intenso, tão marcante, tão fundamental para nosso auto conhecimento.
Estes doze dias me proporcionaram uma das maiores injeções de auto confiança e auto conhecimento que já provei em toda a minha vida. Mais uma vez….. Obrigado meu Deus!!!
Manuel Alves
» Instrumental Surf Anthology
Há 6 anos
Um comentário:
Ai Maneh, de arrepiar esse teu texto!
Me emocionei junto!!!
Que coisa linda... Essas são as que mais marcam no coração e nas lembranças!
Parabéns pra vcs!
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